sábado, 24 de março de 2007

Alexandre Heculano sobre os “Monumentos pátrios”

Um dos textos incluídos no 2.º volume dos Opúsculos de Alexandre Herculano é o que se intitula “Monumentos pátrios”, datado de 1938.

Está livremente disponível online. A reprodução fac-similada da edição dos Opúsculos de 1873 está aqui. Em modo texto, está disponível aqui.

Extracto:

Procurae hoje, por exemplo, em Lisboa as antiquissimas igrejas parochiaes de Sancta Marinha e de S. Martinho: achareis os logares onde estiveram, e achá-los-heis, porque aos hunos encapados em lemiste não é dado supprimir um fragmento do orbe terraqueo. Os homens desta Lilliput da intelligencia estão desentulhando aquelles terrenos para fazerem casas. Onde haviam elles de morar, senão fizessem alli mais umas casas? Sancta Marinha encerrava memorias anteriores á monarchia, e a parochia de S. Martinho prendia-se com a historia da grande crise por que Portugal passou nos fins do XIV seculo. Mas de que momento é essa consideração, se attendermos a que lá, onde estiveram os dous templos ricos de idade e de tradições, se podem construir duas moradas bem pintadas, bem alvas exteriormente, com sua beirada vermelha e seu rodapé amarello? Que importa que se dispersem os ossos do conde Andeiro ou se desfaça a sepultura do conde de Alvor? As cinzas dos mortos podem jazer tão tranquillas debaixo do balcão de uma taberna, como aos pés de um altar, á sombra da eterna cruz. Bemdicta sejas tu, geração philosophica, geração arrasadora, geração camartelladora! O futuro, está certa disso, ha de fazer-te justiça.

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