quinta-feira, 28 de junho de 2007

Os trabalhos dos pintores: 96

René Magritte, Clairvoyance, 1936.

Espectroscopia Raman aplicada ao estudo de pigmentos de pinturas rupestres

Francisco Nascimento Lopes, Espectroscopia Raman aplicada ao estudo de pigmentos em bens culturais: I - pinturas rupestres, Tese de Mestrado, Universidade de São Paulo, 2005.

Resumo:

Neste estudo amostras coletadas de pinturas rupestres foram analisadas para identificação do material utilizado; análises da sua interação e de processos eventuais de degradação, além de atribuições quanto à sua origem, foram também feitas através da espectroscopia Raman. Pigmentos encontrados em pinturas rupestres em Minas Gerais foram identificados, junto a produtos de degradação microbiológica. A partir dos resultados, foi feita uma caracterização da transformação de desidratação do pigmento amarelo de goetita (a-FeOOH) a hematita (a-Fe2O3) por espectroscopia Raman na tentativa de contextualizá-la no problema da origem da hematita encontrada nas representações. Foram identificados os pigmentos calcita (CaCO3) para o branco, carvão vegetal para o preto, goetita (a-FeOOH) para o amarelo e hematita (a-Fe2O3) para o vermelho, que constituem basicamente a paleta de cores desse período. Produtos de degradação microbiológica foram identificados por espectroscopia Raman e no infravermelho por ATR como sendo whewellita (CaC2O4.H2O) e weddelita(CaC2O4.2H2O). A transformação topotática de goetita a hematita por aquecimento foi acompanhada por espectroscopia Raman in situ e ex-situ e infravermelho, na tentativa de caracterizar o processo quanto às fases formadas, possíveis marcadores, de maneira a complementar resultados da literatura que utilizaram outras técnicas, como difração de raio-X (XRD) e microscopia eletrônica de transmissão (TEM). Esse estudo foi realizado na tentativa de determinar a existência de possível manipulação térmica desses materiais como sugerido em trabalhos anteriores. Em particular, nos espectros Raman, o comportamento diferenciado da banda em torno de 660 cm-1 e a maior largura das bandas de uma maneira geral, presentes na chamada hematita desordenada, perfil que as amostras naturais coletadas apresentam, são marcadores do efeito de temperatura, uma vez que parecem estar ligados mais estreitamente ao deslocamento catiônico dos íons Fe do que ao rearranjo da gaiola octaédrica de oxigênios ao redor destes, durante a transição a partir de goetita. Esse comportamento dos espectros Raman é confirmado pelos padrões dos difratogramas de raio-X. Concluiu-se que esse desordenamento, entretanto, não é causado somente pela temperatura e, dessa forma, não pode ser usado para atestar inequivocamente como sendo resultado de processamento dos materiais (goetita).

A tese está livremente disponível na íntegra aqui.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Mestrado em Química Aplicada ao Património Cultural

Estão abertas as candidaturas para o Mestrado em Química Aplicada ao Património Cultural, do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em colaboração com o Departamento de Arte, Conservação e Restauro da Escola Superior de Tecnologia de Tomar.

Destina-se a licenciados na área na área da Química e licenciados na área da Conservação e Restauro.

Trata-se da 5.ª edição, agora com novo formato.

A 1.ª fase de candidaturas decorre entre 18 de Junho e 6 de Julho e a 2.ª entre 10 a 14 de Setembro.

Mais informações em http://www.dqb.fc.ul.pt/2ciclo/pcultural/.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Os trabalhos dos pintores: 95

William Merritt Chase, The Artist in his Studio, 1916.

50 anos de análise por activação neutrónica

Há 50 anos começou a ser usada a análise por activação neutrónica na resolução de problemas ligados ao património, nomeadamente em contextos arqueológicos. Para comemorar a data, a revista Archaeometry dedicou um número ao tema (vol. 49, n.º 2, 2007). Entre os diversos artigos conta-se um sobre a actividade nesse domínio do Instituto Tecnológico e Nuclear, Sacavém, que remonta à década de 1970.

Índice:

  • R. J. Speakman, M. D. Glascock, Acknowledging fifty years of neutron activation analysis in archaeology, pp. 179-183
  • G. Harbottle, L. Holmes, The history of the Brookhaven national laboratory project in archaeological chemistry, and applying nuclear methods to the fine arts, pp. 185-199
  • F. Asaro, D. Adan-bayewitz, The history of the Lawrence Berkeley national laboratory instrumental neutron activation analysis programme for archaeological and geological materials, pp. 201-214
  • L. D. Minc, R. J. Sherman, C. Elson, C. S. Spencer, E. M. Redmond, ‘M glow blue’: archaeometric research at Michigan’s ford nuclear reactor, pp. 215-228
  • R. G. V. Hancock, L. A. Pavlish, S. Aufreiter, Archaeometry at Slowpoke-Toronto, pp. 229-243
  • Kuleff, R. Djingova, Archaeometric investigations at the university of Sofia, Bulgaria, pp. 245-253
  • M. J. Hughes, Neutron activation analysis at the British museum, London, pp. 255-270
  • J. Yellin, Instrumental neutron activation based provenance studies at the Hebrew university of Jerusalem, with a case study on Mycenaean pottery from Cyprus, pp. 271-288
  • G. W. A. Newton, J. Bourriau, E. B. French, A. J. N. W. Prag, INAA of archaeological samples at the university of Manchester, pp. 289-299
  • V. Kilikoglou, A. P. Grimanis, A. Tsolakidou, A. Hein, D. Malamidou, Z. Tsirtsoni, Neutron activation patterning of archaeological materials at the national center for scientific research ‘demokritos’: the case of black-on-red Neolithic pottery from Macedonia, Greece, pp. 301-319
  • M. J. Blackman, R. L. Bishop, The Smithsonian-nist partnership: the application of instrumental neutron activation analysis to archaeology, pp. 321-341
  • M. D. Glascock, R. J. Speakman, H. Neff, Archaeometry at the university of Missouri research reactor and the provenance of obsidian artefacts in North America, pp. 343-357
  • H. Mommsen, B. L. Sjoberg, The importance of the ‘best relative fit factor’ when evaluating elemental concentration data of pottery demonstrated with Mycenaean sherds from Sinda, Cyprus, pp. 359-371
  • M. Balla, J. Gunneweg, Archaeological research at the institute of nuclear techniques, Budapest university of technology and economics: scholarly achievements of a prosperous long-term collaboration, pp. 373-381
  • M. I. Dias, M. I. Prudencio, Neutron activation analysis of archaeological materials: an overview of the ITN NAA laboratory, Portugal, pp. 383-393
  • W. D. James, M. R. Raulerson, P. R. Johnson, Archaeometry at Texas A&M university: characterization of samoan basalts, pp. 395-402
  • M. Delgado, P. Olivera, E. Montoya, A. Bustamante, Building a bridge to the past: archaeometry at the IPEN reactor, pp. 403-412
  • R. R. Pla, N. R. Ratto, Archaeometry at the argentine national atomic energy commission: characterization of argentine northwestern pottery, pp. 413-420

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Pesquisa bibliográfica em conservação e restauro

A ARP - Associação Profissional de Conservadores-Restauradores de Portugal promove um curso sobre Pesquisa bibliográfica em conservação e restauro. Com um total de 12 horas, decorrerá nos próximos dias 2 e 3 de Julho no Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa.

O curso tinha sido inicialmente anunciado com características ligeiramente diferentes. Foi agora reformulado tendo em consideração o facto de já se ter realizado o curso sobre Escrita de um artigo científico em conservação e restauro e o interesse que  alguns participantes neste manifestaram pelo curso sobre a pesquisa bibliográfica.

Mais informações estão disponíveis em http://www.arp.org.pt/agenda_curso_4.htm.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Os trabalhos dos pintores: 94

Pablo Picasso, Self-Portrait with a Palette, 1906.

Os trabalhos dos pintores: 93

Cecilia Beaux, Alexander Harrison.

40 Anos do Instituto José de Figueiredo

Foi há pouco publicado um volume sobre uma parte da história da conservação e restauro de obras de arte em Portugal:

Rui Ferreira da Silva, Nazaré Escobar, Alexandre Pais (organização), 40 Anos do Instituto José de Figueiredo, Instituto Português de Conservação e Restauro, Lisboa, 2007.

Índice:

  • Ana Isabel Seruya, “O homem sonha, e a obra nasce”, p. 9
  • Alexandre Nobre Pais, Um projecto, p. 13
  • Paulo Simões Rodrigues, Da História da Conservação e do Restauro: Das Origens ao Portugal Oitocentista, p. 17
  • Emília Ferreira, Expor para salvaguardar: A importância da Exposição de Arte Ornamental para a história do restauro e da conservação do património móvel em Portugal, p. 41
  • Maria Helena Souto, Do levantamento e apresentação de Arte Ornamental portuguesa em Exposições Internacionais. Dois casos de estudo: Paris (1867) e Madrid (1892), p. 57
  • Sandra Leandro, O mito do recriador: Luciano Freire e os trabalhos de conservação e restauro da “Pintura Antiga”, p. 65
  • Sandra Leandro, Invisíveis e Intangíveis nos Estudos de Arte: João Couto e o Laboratório Científico, p. 83
  • José Alberto Seabra Carvalho, Pinturas antes do restauro: Provas fotográficas do espólio de Luciano Freire, p. 97
  • Alexandra Curvelo, O Instituto José de Figueiredo entre 1965-1999, p. 119
  • Isabel Ribeiro, Pedro Sousa, A Ciência e a Arte no IJF/IPCR, p. 129
  • Mário Pereira, Depois de 35 anos de IJF-IPCR, p. 135

terça-feira, 5 de junho de 2007

History of the Restoration and Conservation of Works of Art

Acabou de ser publicada a tradução inglesa do livro de Alessandro Conti, inicialmente publicado em italiano, em 1988, sobre a história da conservação e restauro das obras de arte. Intitulado History of the Restoration and Conservation of Works of Art, a tradução é de Helen Glanville e a edição da Butterworth-Heinemann.

À edição original, esta acrescenta um ensaio sobre Relatividade e Restauro, da tradutora, e um glossário de termos técnicos.

Índice:

  1. Towards restoration
  2. Conservation of works of art in the sixteenth century
  3. Some local traditions in Italy
  4. Gallery pictures
  5. Eighteenth century restorations in Italy and France
  6. Venice and Pietro Edwards
  7. From the eighteenth to the nineteenth century
  8. Restoration from the Academies to Romanticism
  9. Restoration in Italy after the Unification

O primeiro capítulo está disponível aqui.