De um modo geral, é possível abordar-se o problema da datação de uma pintura segundo três direcções: a identificação dos pigmentos, a caracterização da técnica de aplicação da matéria cromática e a datação absoluta do suporte.
Embora muitos dos pigmentos utilizados em pintura de cavalete sejam materiais, de origem natural ou artificial, com uma história que remonta à Antiguidade, há igualmente um número muito considerável que surgiu apenas nos últimos dois séculos, em resultado dos grandes desenvolvimentos conhecidos pela química e indústria química. Por outro lado, alguns dos pigmentos mais antigos deixaram entretanto de ser utilizados. Assim, tendo em atenção a época em que cada um dos pigmentos identificados num quadro foi efectivamente utilizado em pintura, é possível, por vezes, estabelecer o intervalo cronológico em que muito possivelmente foi realizada determinada obra. Desta forma, porém, dificilmente se consegue melhor do que um intervalo de algumas décadas. Por exemplo, uma obra que contém branco de titânio foi seguramente executada depois de cerca de 1920.
Cada época artística tem a sua maneira de construir uma pintura. Por exemplo, a preparação pode ser de cor branca ou corada (acastanhada ou acinzentada), as camadas de pintura podem ser misturadas na paleta ou no suporte, mais finas ou mais espessas, transparentes ou opacas, a superfície pode apresentar marcas dos pincéis, ser lisa ou mostrar grandes acumulações de matéria (empastamentos). Evidentemente, tais aspectos não dependem apenas da época, mas também do artista ou das intenções, pelo que a datação de uma pintura através da estrutura da matéria cromática não pode ser feita senão de uma forma muito vaga.
Os suportes de madeira ou tela podem ser objecto de datação absoluta pelo método do carbono 14 ou por dendrocronologia.
O primeiro método, ainda que muito vantajoso na datação de obras com alguns milhares de anos, apresenta uma incerteza associada a datas mais recentes que, normalmente, é demasiado grande para efectivamente poder ser útil em pinturas com, no máximo, quatro ou cinco séculos. Daí a reduzida utilização deste método na datação de pinturas.
A dendrocronologia, ainda que muito mais precisa, só é aplicável a pinturas sobre madeira e, além disso, implica a existência de séries de referência para madeiras de árvores da mesma espécie e com a mesma proveniência da que foi utilizada no suporte da pintura a datar. Se para algumas madeiras e algumas regiões estão disponíveis tais séries de referência, o mesmo não se passa para outras situações, não havendo, por exemplo, qualquer série aplicável a madeiras de origem nacional.
Por fim, há que notar-se que a data do suporte e da pintura podem ser muito diferentes, já que existem pinturas relativamente recentes feitas sobre suportes muito mais antigos.
Em conclusão, as possibilidades de datação de uma pintura actualmente existentes nem sempre permitem dar uma resposta, pelo menos com a precisão necessária, a um problema colocado a esse respeito.
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