segunda-feira, 26 de abril de 2010

Estudo, conservação e restauro de arte contemporânea

Acabou de ser disponibilizada online a seguinte tese de mestrado:

Sara Sobral Babo, Estudo, Conservação e Restauro de Caixa de Alumínio (Lagostins) e Caixa de Alumínio (Óculos) de Lourdes Castro, Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, 2009.

Está livremente acessível aqui.

Resumo:

Duas obras da artista portuguesa Lourdes Castro, Caixa de Alumínio (Lagostins) e Caixa de Alumínio (Óculos), de 1962, foram estudadas e intervencionadas. Estas consistem numa série de objectos do quotidiano em vários materiais (plásticos, ligas metálicas, vidro, madeira, cerâmica e cartão) colados no interior de uma caixa de madeira e revestidos por uma tinta de alumínio para altas temperaturas. Análises por espectrometria XRF, micro-espectroscopia FTIR e Raman, SEM-EDS e ICP-AES foram efectuadas de modo a caracterizar os materiais presentes e realizar um diagnóstico aprofundado. Limitações no acesso aos objectos condicionaram o diagnóstico e a intervenção de restauro. A artista foi entrevistada fornecendo importante informação acerca dos materiais e técnicas utilizadas bem como opiniões sobre possíveis cenários de intervenção. As obras apresentavam vários problemas de conservação, destacando-se o escurecimento e perda de adesão do adesivo original (à base de policloropreno), a decomposição de uns óculos em nitrato de celulose e a corrosão de vários elementos em ligas de ferro e em cobre. Concluiu-se que os problemas detectados resultavam não só da utilização de alguns materiais pouco duradouros mas, principalmente, da mistura de materiais incompatíveis, como o cobre com o nitrato de celulose e as ligas de ferro com o adesivo de policloropreno. Na intervenção optou-se por substituir os óculos em nitrato de celulose por uma réplica, realizada com o auxílio das técnicas de digitalização e impressão 3D; o tratamento dos elementos em liga de ferro foi realizado com diferentes misturas de ácido fosfórico, ácido tânico, ácido oxálico e EDTA com pH@1, sendo adicionalmente protegidos com uma tinta rica em zinco. O controlo da evolução dos processos de degradação passará em grande parte pelo controlo das condições ambientais do local onde as obras estiverem inseridas (baixa HR e T) e pela monitorização do estado de preservação das obras após o tratamento. São propostas reavaliações periódicas, de forma a detectar precocemente alterações e considerar eventuais intervenções mais drásticas.

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