quarta-feira, 29 de junho de 2011

Técnica da escultura em pedra

Acabou de ser livremente disponibilizada online a seguinte tese de mestrado:

Fernando Roussado Silva, A Técnica da Escultura em Pedra. Algumas Reflexões sobre o Talhe Directo, Lisboa, Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes, 2010.

Está aqui.

Resumo:

A presente dissertação de mestrado procura fazer uma descrição das matérias e das técnicas da escultura em pedra, cuja bibliografia é muitas vezes de difícil acesso e dispersa. Desse modo, pretende-se criar algumas informações sistemáticas, capazes de responder às solicitações técnicas mais importantes da metodologia da escultura em pedra.

Procura-se, igualmente, criar alguns pontos de reflexão, que se prendem com os fundamentos estéticos decorrentes da relação entre e escultor e a matéria, discutindo a problemática do talhe directo na escultura em pedra. Apresenta-se ainda os pressupostos teóricos, estéticos e plásticos da metodologia do talhe directo e de alguns dos seus criadores.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Conservar Património, n.º 12, 2010

Acabou de sair da tipografia e vai começar a ser distribuída a revista Conservar Património, n.º 12, de 2010, publicada pela ARP - Associação Profissional de Conservadores-Restauradores de Portugal.

Índice:

  • Diana Conde, Filipa Pacheco, Irina Crina Anca Sandu, Susana Campos, Nuno Leal, Maria Perla Colombini, Estudo interdisciplinar da pintura em painel representando o “Pentecostes”, atribuída a Fernão Gomes, pp. 3-16
  • Raúl Gregório, António Neves, Paula Romão, Conservação e restauro do painel “São Sebastião  exortando a fé dos irmãos cativos cristãos Marco e Marceliano” do Museu de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores, pp. 17-36
  • Isabel Raposo de Magalhães, Conservação do Património: estratégias e oportunidades. Uma reflexão a partir do caso português, pp. 37-41
  • André Varela Remígio, O Decreto-Lei n.º 140/2009 como instrumento para a  salvaguarda do património cultural e o reconhecimento  do papel do conservador-restaurador em Portugal, pp. 43-50
  • Isabel Raposo de Magalhães, Um Escudo Azul para a salvaguarda do património cultural em perigo, pp. 51-56

No site da revista, além dos resumos, estão livremente disponíveis as figuras a cores (já que a revista é publicada a preto e branco). A partir de agora é possível fazer a importação automática (através do formato RIS) dos dados respeitantes aos artigos publicados para bases de dados e software de gestão de referências bibliográficas.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Metodologia e linguagem de trabalhos académicos
(11) Peso ou massa?

Um erro muito comum, em determinados níveis quase generalizado, é a referência ao peso de uma amostra ou de um objecto determinado por pesagem, quando o parâmetro medido é a massa.

Peso é uma força e como qualquer força deve exprimir-se, de acordo com o Sistema Internacional de Unidades, em Newtons (símbolo N). É uma força que se distingue de outras somente pelo facto de ter a sua origem na acção gravitacional, ou seja, na situação prática do dia-a-dia, na atracção da matéria para o centro da Terra. O peso, que depende da distância ao centro da Terra, pode determinar-se com um dinamómetro.

A massa é uma medida da inércia de um objecto, ou seja, a resistência que um objecto oferece à alteração da sua velocidade, e é independente da acção da gravidade. A sua unidade no Sistema Internacional de Unidades é o quilograma (símbolo kg).

Sucede que numericamente a massa e o peso estão directamente relacionados, sendo o peso (P) de um objecto proporcional à sua massa (m), isto é,

P = g m.

A constante de proporcionalidade (g) é a aceleração devida à gravidade, a qual à superfície da Terra tem um valor de cerca de 9,8 m/s2.

Sendo o peso proporcional à massa, ou, o que é o mesmo, a massa proporcional ao peso (neste caso a constante de proporcionalidade é 1/g), dois objectos com o mesmo peso têm a mesma massa. É este facto que permite medir uma massa com uma balança, já que esta directamente apenas compara pesos. Quando as balanças eram de dois pratos, a situação era de fácil visualização: num dos pratos colocava-se o objecto a pesar e no outro prato massas marcadas, ou seja, padrões com massa conhecida. Quando a balança estava equilibrada, ou seja, quando era igual o peso (desconhecido) daquilo que estava em cada um dos pratos, a massa (desconhecida) do objecto a pesar era igual à soma das massas (conhecidas) dos padrões que estavam no outro prato, ficando portanto determinada a massa desconhecida. Nas balanças de um só prato obviamente que o processo envolvido é diferente, mas o principal componente de uma dessas balanças é sempre algo que responde à força que é aplicada (pelo objecto a pesar) sobre esse componente. Portanto, em qualquer balança determina-se a massa comparando pesos, isto é, por pesagem.

A distinção entre peso e massa é um assunto tratado nas primeiras aulas de Física do ensino básico, mas algo que poucos interiorizam devido ao facto, entre outros, de na linguagem popular se utilizar sempre a palavra peso quando rigorosamente se devia usar a palavra massa. No entanto, ainda que seja mais útil no dia-a-dia usar-se a palavra peso como sinónimo de massa, num texto de natureza académica a situação é bem diferente e aí é a palavra massa que se deve usar para referir o parâmetro determinado por pesagem.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Metodologia e linguagem de trabalhos académicos
(10) Uma nota sobre um bloco de notas electrónico

Tomar notas é algo de fundamental em qualquer trabalho académico e tanto mais importante quanto maior a dimensão deste. Por tomar notas quero referir toda uma série de coisas que incluem o registo de informações recolhidas de diversos sítios (publicações, documentos inéditos, observação directa), comentários a respeito de leituras, ideias a ordenar ou desenvolver, etc.

Até há pouco as notas tomavam-se exclusivamente em papel e quem isso fazia com frequência criava arquivos que nalguns casos podiam atingir dimensão e complexidade impressionantes. Um desses casos é o do arqueólogo e etnógrafo José Leite de Vasconcelos (1858-1941), cujo sistema de registo de informação foi assim descrito por Orlando Ribeiro:

O Dr. Leite escrevia tudo: coisas que ouvia, observações no decorrer das suas viagens, notas de leituras, reflexões e lembranças. Trazia sempre consigo uma carteirinha com verbetes para apontamentos e nunca saía sem os seus canhenhos de campo. Essas notas eram lançadas à pressa, muitas vezes a lápis, com uma letra que não raro fazia o seu próprio desespero e constitui o maior embaraço para os que manuseiam o seu espólio literário. Usava e abusava de abreviaturas e com frequência deixava as palavras por acabar.

[...]

O Dr. Leite nunca teve a ideia de quanto desespero podia ter evitado a si próprio se usasse apenas alguns tipos uniformes de papéis. Poupado até ao exagero, todas as aparas de tipografia lhe serviam, consoante as dimensões, de laudas, de cadernos ou de verbetes; estes eram de todos os tamanhos: nem os vocabulares, que enchem doze gavetas, têm papel semelhante e acertam rigorosamente no formato!

Toda esta papelada era sujeita a regras rigorosas de arrumação. Os apontamentos soltos seguiam o destino das matérias a que se reportavam, os canhenhos de bolso eram cortados em tiras e estas eram coladas em verbetes ou arrumadas assim mesmo, na confusão aparente dos seus diversos formatos. Os verbetes vocabulares recolhiam a opulenta messe da linguagem popular e da leitura de livros antigos. As outras matérias eram repartidas por certo número de caixas gerais; daí transitavam, depois de nova e mais minuciosa escolha, para pastas, onde os assuntos eram subordinados a certas rubricas amplas e arrumados por ordem alfabética [...]. As notas eram metidas nessas pastas à proporção que se esvaziavam, de tempos a tempos, as caixas gerais (“Notícia introdutória”, in J. Leite de Vasconcellos, Etnografia Portuguesa, vol. IV, Lisboa, Imprensa Nacional, 1958, pp. XI-XII).

A importância desse tipo de registos é particularmente importante na área das humanidades, razão pela qual é frequente haver indicações a esse respeito nas obras, surgidas nesse contexto, sobre metodologia de investigação. Eis um exemplo:

O grande número de informações recolhidas pelo investigador ao longo da realização do trabalho necessita ser registado devidamente, de modo a facilmente se tornar acessível ao seu utilizador. Há pois que criar esquemas materiais de registo e organização dos elementos retirados das fontes consultadas, de forma que, aquando da redacção de um trabalho de Licenciatura, Dissertação de Mestrado ou Doutoramento, ou mesmo noutros tipos de estudos, o autor possa, com toda a facilidade, com a quase ausência de tempo imposta pela sociedade hodierna, redigir o trabalho que se propõe realizar.

Deste modo, poderemos mencionar dois tipos clássicos de fichas a que o discente deverá recorrer com vista ao registo e elaboração da sua informação: fichas bibliográficas e fichas ideográficas. Poderá utilizar ainda outros tipos de registo da informação, consoante a natureza do trabalho em causa, mas, dada a especificidade de cada trabalho, deverão ser discutidos com o respectivo professor orientador.

As fichas bibliográficas destinam-se ao registo das referências bibliográficas das fontes e bibliografia consultadas. Organizam-se alfabeticamente pelo último apelido do autor, no caso das línguas portuguesa, inglesa, francesa e alemã (em geral), mas, no caso da língua castelhana, deverá colocar os dois apelidos.

[…]

As fichas ideográficas destinam-se a registar as ideias retiradas dos livros consultados, e têm diversas funções, sendo tanto mais relevantes, quanto mais elaborada puder ser a leitura do estudo.

Deste modo, da ficha de leitura têm de fazer parte dois elementos fundamentais: por um lado, a referência bibliográfica da obra consultada; por outro, e no canto superior direito da ficha, um quadrado (feito pelo próprio investigador), onde vai inserir a temática para a qual aquela ficha interessa dentro do trabalho [...].

Nas fichas ideográficas, e como o próprio nome indica, o interesse reside precisamente nas ideias que nelas podem ser escritas, por vezes feitas com tal perícia que aí se pode já encontrar o embrião para a redacção do próprio trabalho (Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, Metodologia da Investigação, Redacção e Apresentação de Trabalhos Científicos, 2.ª ed., Porto, Livraria Civilização Editora, 2005, pp. 43-44 e 52).

Há poucos anos, sob a forma de blocos de notas electrónicos, começaram a surgir alternativas a este tipo de registos. Alguns desses programas são relativamente limitados e com reduzido interesse num contexto académico, mas outros podem substituir com múltiplas vantagens as fichas e as anotações tomadas em papel.

Entre estes últimos conta-se o OneNote, um programa relativamente pouco conhecido, ainda que faça parte do Office, da Microsoft.

Desde que o descobri, há alguns anos, é um dos programas que uso com grande frequência, tendo praticamente deixado de usar outros suportes e outros programas para as notas que tomo de natureza académica ou profissional. Mesmo quando fiz algumas tentativas para usar outros programas que em situações específicas poderiam ser tecnicamente mais vantajosos, alguns dos quais feitos por mim, acabei sempre por voltar para o OneNote. Acrescento que, de uma forma geral, o programa foi também rapidamente adoptado por aqueles que o experimentaram no seguimento de uma sugestão minha, por reconhecerem as vantagens daí resultantes.

Sobre o OneNote não se pode dizer muito, já que as suas capacidades e possibilidades de uso descobrem-se experimentando. No entanto, de uma forma concisa, seguem-se algumas indicações muito gerais que poderão dar uma ideia da lógica do programa e de algumas das suas funcionalidades. Mas, como disse, não há nada como se experimentar ou, pelo menos, observar-se uma demonstração do seu funcionamento – de que existem muitas na internet.

O OneNote é um programa de registo de informação e esta, do geral para o particular, é organizada em blocos de notas, que se dividem em secções, cada uma das quais contém páginas. Esta é a estrutura principal ou básica. No entanto, há mais duas unidades. Em primeiro lugar, as páginas podem conter sub-páginas. Em segundo lugar, as secções de um bloco podem organizar-se em grupos, sendo possível, contudo, que num bloco algumas secções estejam organizadas em grupos e outras não.

As sequências de blocos de notas, secções e páginas podem ser ordenadas como se quiser e para as páginas podem-se usar modelos pré-definidos, seja os modelos já existentes ou os que facilmente são construídos. Torna-se assim possível inserir a informação numa estrutura fixa (a estrutura de uma ficha, por exemplo), mas também guardá-la de uma forma livre.

A informação fica registada sempre nas páginas – e nas sub-páginas, que em termos de funcionalidades são exactamente iguais às páginas e que, por isso, não interessa estar aqui a distinguir.

A informação pode ser registada na forma de texto, imagem, som, vídeo ou qualquer tipo documento digital. Qualquer uma dessas informações pode ser colocada em qualquer lugar de uma página. No texto pode-se usar as fontes disponíveis, bem como as cores, os tamanhos e os outros habituais atributos.

Há um sistema muito simples de captura de ecrã que permite capturar o que está a ser visualizado noutro programa e que não pode ou não interessa ser copiado de outra forma.

Nas imagens que contêm texto é possível fazer reconhecimento óptico de caracteres (OCR)

Não há restrições ao número de blocos, de grupos de secções, de secções, de páginas ou de sub-páginas.

É possível estabelecer ligações entre páginas de modo que com um simples clique se salta de uma página para outra qualquer (que pode estar noutro bloco de notas).

Obviamente, é possível fazer pesquisa seja a partir do próprio programa seja a partir de programas de indexação.

Resumindo, permite fazer tudo o que se fazia em papel e muitas mais coisas e de forma muito simples. Além disso, graficamente o programa é muito agradável – algo que me parece muito importante. E, em termos de arrumação, necessita de muito menos espaço do que os arquivos em papel e é bem mais portátil.

Estranhamente, o Office para Mac não contém o OneNote. No entanto há algumas alternativas – referidas aqui. Entre estas, o Growly Notes, gratuito, parece ser o mais apreciado.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A radioactividade e o seu uso em estudos relacionados com a história da arte

Acabou de ser publicado o seguinte livro:

João M. Peixoto Cabral, A Radioactividade. Contributos para a História da Arte, Lisboa, IST Press, 2011.

Índice:

  1. Introdução
  2. Considerações preliminares sobre datação
    1. Arte pré-histórica
    2. Os tempos geológicos
    3. A antiguidade do Homem
    4. As alterações climáticas no passado
    5. A periodização de utensílios humanos
    6. Os primeiros métodos de datação absoluta
    7. Datação absoluta com base na radioactividade
  3. Radioactividade natural
    1. Descoberta da radioactividade
    2. O polónio e o rádio
    3. O actínio e a emanação do rádio
    4. O urânio X
    5. A emanação do tório, o tório X e o tório A
    6. Lei do decaimento radioactivo
    7. Primeiras noções sobre a natureza e características das radiações
    8. Descoberta de novas substâncias radioactivas naturais. Isótopos. O protactínio
    9. Progressos no estudo da estrutura do átomo
    10. Classificação das substâncias descendentes do urânio e do tório
    11. Equações gerais do decaimento. Equilíbrio radioactivo
    12. Unidades de actividade
    13. Radionuclídeos primordiais
    14. Radiação cósmica
    15. Radionuclídeos cosmogénicos
  4. Processos de decaimento radioactivo
    1. Introdução
    2. Decaimento alfa
    3. Decaimento beta
    4. Desexcitação de estados nucleares
  5. Radioactividade artificial
    1. As primeiras transmutações provocadas
    2. Os primeiros aceleradores de partículas
    3. A descoberta da radioactividade artificial
    4. Os primeiros radioelementos artificiais
    5. As primeiras reacções nucleares com neutrões
    6. Fissão nuclear provocada
    7. Fissão nuclear espontânea
    8. A descoberta dos primeiros elementos transuranianos
    9. O primeiro reactor nuclear e os primeiros passos na química do plutónio
    10. O Projecto Manhattan
    11. Reactores nucleares para fins pacíficos
    12. A descoberta de novos elementos transuranianos
    13. Os elementos transactinídeos (Z > 103)
  6. Interacção das radiações com a matéria
    1. Partículas α
    2. Partículas β
    3. Radiações γ e X
    4. Neutrões
    5. Dose de radiação absorvida
    6. Exposição às radiações e normas de segurança
  7. Detecção e espectrometria das radiações
    1. Introdução
    2. Emulsões fotográficas
    3. Detectores gasosos
    4. Detectores de cintilação
    5. Detectores semicondutores
    6. Espectrometria de raios γ
    7. Análise por activação com neutrões
  8. Datação absoluta com base na radioactividade
    1. Introdução
    2. Método do urânio-chumbo
    3. Método do potássio-árgon
    4. Método do radiocarbono
    5. Métodos baseados em radionuclídeos cosmogénicos produzidos in situ
    6. Método das séries do urânio e do actínio em desequilíbrio
    7. Métodos de luminescência
    8. Método de ressonância paramagnética electrónica
  9. Datação de obras de arte móvel paleolítica
    1. Introdução
    2. Arte do Paleolítico Inferior e Médio
    3. Arte do Paleolítico Superior
  10. Datação de obras de arte parietal paleolítica
    1. Introdução
    2. Arte do Aurinhacense
    3. Arte do Gravettense
    4. Arte do Solutrense
    5. Arte do Magdalenense
  11. Datação de obras de arte rupestre paleolítica
    1. Introdução
    2. Método da microerosão
    3. Método do 36Cl
    4. Datação "directa" pelo radiocarbono
    5. Datação indirecta
  12. Autenticação de obras de arte
    1. Introdução
    2. Pinturas de cavalete
    3. Obras de terracota e cerâmica
    4. Obras de metal
  13. Exame de obras de arte por meio de neutrões
    1. Introdução
    2. Auto-radiografia de pinturas de cavalete
    3. Análise dos materiais constituintes de obras de arte

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Metodologia e linguagem de trabalhos académicos
(9) Ser ou não ser luz

Muitos métodos de exame e análise das obras de arte, e não só, baseiam-se na interacção entre a radiação electromagnética e a matéria.

A radiação electromagnética, ou seja o fluxo de energia através do espaço, do ponto de vista prático pode ser caracterizada precisamente pela energia transportada ou pelo comprimento de onda da oscilação associada – parâmetros que variam inversamente um em relação ao outro. Com base nos mesmos, distinguem-se, por exemplo, os raios X, a radiação ultravioleta, a radiação visível e a radiação infravermelha – sucessivamente com maior comprimento de onda ou menor energia.

A radiação visível, aquela que tem a particularidade de a podermos ver, é também designada como luz visível e a radiação ultravioleta e a radiação infravermelha por luz ultravioleta e luz infravermelha, respectivamente, o mesmo acontecendo noutros idiomas, como, por exemplo, em inglês, obviamente com os correspondentes termos. Tais designações alternativas, em que o termo luz é usado como sinónimo de radiação electromagnética, são relativamente frequentes e encontram-se em obras reputadas – por exemplo, Luís Miguel Bernardo, Histórias da Luz e das Cores. Volume III, Porto, Editora da Universidade do Porto, 2010, pp. 179-180; Mark D. Licker, McGraw-Hill Encyclopedia of Science & Technology, 10.ª ed., New York, McGraw-Hill, 2007, vol. 10, p. 16. Porém, não obstante estes exemplos, não me parece que rigorosamente essas designações sejam as mais adequadas.

É que luz no sentido mais restrito do termo é apenas sinónimo de radiação visível – único sentido que é registado noutras obras igualmente reputadas (por exemplo, John Daintith, Elizabeth A. Martin, A Dictionary of Science, 6.ª ed., Oxford, Oxford University Press, 2010, p. 476; ASTM Dictionary of Engineering Science & Technology, 10.ª ed., West Conshohocken, ASTM International, 2005, pp. 347-348).

Neste contexto mais rigoroso, luz visível é um pleonasmo, pois luz por definição já é visível, enquanto luz ultravioleta e luz infravermelha são contradições, pois a radiação ou bem que é luz ou bem que é radiação ultravioleta ou radiação infravermelha. A radiação ou bem que é visível ou bem que é invisível.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Argamassas para intervenções de conservação e restauro

A seguinte tese de doutoramento está livremente disponível na internet:

Xavier Mas Barberà, Estudio y Caracterización de Morteros Compuestos, para Su Aplicación en Intervenciones de Sellados, Reposiciones y Réplicas, de Elementos Pétreos Escultórico-ornamentales, Valencia, Departamento de Conservación y Restauración de Bienes Culturales de la Universidad Politécnica de Valencia, 2006.

Está aqui.

Resumo:

El propósito de esta investigación se centra en el estudio de la efectividad de una serie de morteros compuestos. El empleo de estos materiales artificiales supone una alternativa a la piedra natural. De este modo, se intenta resolver problemas de sellados, reposiciones y réplicas en elementos escultórico-ornamentales realizados con piedra Tosca de Rocafort (genéricamente "Pedra de Godella") y piedra Bateig ("Pedra de Novelda"). Estas rocas, ampliamente utilizadas en monumentos del Patrimonio Valenciano, están sufriendo un importante deterioro causado por las alteraciones físicas, químicas y biológicas. El estudio llevado a cabo incluye la optimización de los parámetros experimentales que determinan el método preparativo y composición de los morteros compuestos. También, se han establecido todo un conjunto de propiedades físicas, químicas y de resistencia al biodeterioro mediante ensayos normalizados ampliamente utilizados en el ámbito internacional. Asimismo, se han diseñado una serie de ensayos dirigidos a determinar la idoneidad de estos morteros en su aplicación al campo de la conservación y restauración.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Metodologia e linguagem de trabalhos académicos
(8) Micra quê?

Uma pintura é constituída por várias camadas, as principais das quais são, da base para o topo, o suporte, a camada de preparação, as camadas cromáticas e a camada de verniz.
Tal como uma pintura, há muitos outros objectos que contêm finas camadas de diferentes materiais que frequentemente é necessário descrever e caracterizar segundo diversas perspectivas. Podem ser as camadas cromáticas de uma escultura policromada, as camadas de produtos de alteração formados à superfície de um objecto de metal, a camada de alteração de um vidro, as camadas de uma fotografia ou de uma película fotográfica, etc.
Um dos parâmetros de caracterização dessas camadas é a sua espessura a qual geralmente é determinada observando com equipamento de microscopia uma amostra retirada transversalmente à obra, que expõe um corte estratigráfico. Entre diversos parâmetros de caracterização dessas camadas conta-se a espessura, a qual frequentemente é inferior a 1 mm.
Com alguma frequência, embora não tanto como no passado, a espessura de tais camadas é expressa em “micras” ou “mícron” para as quais é usado o símbolo µ, ou seja, a letra grega “miu”. Acontece, no entanto, que o µ não é símbolo de alguma unidade, nem a micra, de acordo com as normas, é uma unidade. No Sistema Internacional de Unidades que quase todos os países do mundo formalmente adoptaram (já aqui referido), o símbolo µ é um prefixo que se pode aplicar a qualquer unidade, formando o conjunto uma unidade um milhão de vezes inferior à unidade inicial ou principal, aquela a que foi aplicado o tal prefixo. Por exemplo, 1 µL (um microlitro) representa um volume um milhão de vezes inferior ao litro e 1 µm (um micrómetro) representa um comprimento um milhão de vezes inferior ao metro. Ou seja, “micras” ou “mícrons” há muitos, sendo necessário indicar o que é que é “micro”.
Portanto, no contexto referido, é o micrómetro que “micra” ou “mícron” pretendem representar e é o símbolo µm que deveria estar onde erradamente está apenas µ. Ou seja, há camadas de tinta com 20 µm de espessura, mas não com 20 µ.
É certo que noutros contextos há mais alguns casos de emprego de um prefixo como unidade. O mais frequente é provavelmente a referência no dia-a-dia ao “quilo”, em vez de quilograma, a respeito, por exemplo, de produtos alimentares – ainda que nos rótulos surja correctamente o símbolo kg e não apenas “k”. Outro caso é o das referências a componentes de computador, como, por exemplo, a referência um disco de 500 “gigas”. Mas também esse tipo de referência ocorre sobretudo oralmente e em anúncios de publicidade, indicando correctamente a caixa do dito que a capacidade de armazenamento é de 500 GB, ou seja, 500 gigabytes, isto é 500 mil milhões de bytes (o prefixo giga, representado por G, significa mil milhões de vezes maior). Portanto, há, de facto, vários exemplos de uso de um prefixo como unidade. Porém, como se sabe, não se deve escrever como se fala – pelo menos num texto de natureza académica –, nem a publicidade é de fiar...

sábado, 11 de junho de 2011

Biocolonização da pedra – controlo e medidas preventivas

Acabou de ser publicado o seguinte livro, o qual também foi livremente disponibilizado online:

Asuncion Elena Charola, Christopher McNamara, Robert J. Koestler (ed.), Biocolonization of Stone: Control and Preventive Methods, Washington, Smithsonian Institution Scholarly Press, 2011.

Está aqui.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

International Journal of Architectural Heritage, vol. 5, n.º 4-5, 2011

Acabou de ser publicada a revista International Journal of Architectural Heritage - Conservation, Analysis, and Restoration, vol. 5, n.º 4-5, de 2011. Este número duplo é um número especial de homenagem ao Professor Luigia Binda.

A revista está disponível aqui [acesso condicionado].

Índice:

  • Paulo B. Lourenço, Nuno Mendes, Luís F. Ramos, Daniel V. Oliveira, Analysis of Masonry Structures Without Box Behavior, pp. 369-382
  • Miloš Drdácký, Non-Standard Testing of Mechanical Characteristics of Historic Mortars, pp. 383-394
  • Peter C. F. Bekker, Modeling of Lifetime Performance in Building: A Probabilistic Deliberation Towards Conservation, pp. 395-411
  • Pere Roca, Álvaro Viviescas, Miguel Lobato, César Díaz, Isabel Serra, Capacity of Shear Walls by Simple Equilibrium Models, pp. 412-435
  • Miha Tomaževic, Seismic Resistance of Masonry Buildings in Historic Urban and Rural Nuclei: Lessons Learned in Slovenia, pp. 436-465
  • Gianmarco de Felice, Out-of-Plane Seismic Capacity of Masonry Depending on Wall Section Morphology, pp. 466-482
  • Dina D'Ayala, Yanan Shi, Modeling Masonry Historic Buildings by Multi-Body Dynamics, pp. 483-512
  • Elizabeth Vintzileou, Three-Leaf Masonry in Compression, Before and After Grouting: A Review of Literature, pp. 513-538
  • Claudio Modena, Maria Rosa Valluzzi, Francesca da Porto, Filippo Casarin, Structural Aspects of The Conservation of Historic Masonry Constructions in Seismic Areas: Remedial Measures and Emergency Actions, pp. 539-558

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Metodologia e linguagem de trabalhos académicos
(7) O nome da radiografia

A radiografia é um método de exame de obras de arte extremamente útil, proporcionando informações sobre uma pintura ou uma escultura, por exemplo, que é impossível ou difícil de obter de outra forma. E isto sem causar qualquer dano à obra.

Radiografia é também o documento ou registo resultante desse exame, podendo esse duplo significado da palavra nalguns casos originar alguma confusão. Em inglês a situação é diferente já que é usada uma palavra para o método (radiography) e outra para o documento resultante (radiograph).

O método, mas também o documento, baseia-se no facto de os raios X, devido à sua elevada energia, poderem parcialmente atravessar objectos como pinturas e esculturas revelando o que não está à vista na superfície. Deste modo pode-se detectar, por exemplo, arrependimentos e repintes numa pintura, sobreposição de motivos pictóricos ou, naquela que é a situação mais espectacular, pinturas subjacentes de que não se suspeitava antes da realização da radiografia.

O método é também utilizado em várias outras áreas, nomeadamente em medicina. Aliás, a história da radiografia aplicada ao estudo das obras de arte, que começou em 1896, muito deve à colaboração de médicos radiologistas. Aconteceu isso em vários países, nomeadamente em Portugal, onde a primeira radiografia de uma pintura, tanto quanto há registo, foi efectuada em 1923 pelo médico Luís Quintela por solicitação do pintor e restaurador Carlos Bonvalot.

No meio médico é comum informalmente, mas não só, uma radiografia ser designada por “raio X” ou “raios X”, como em “fazer um raio X” ou “fazer raios X”, e, por isso, não é de estranhar que na área da conservação e restauro essas designações também sejam usadas.

Ainda que em qualquer um destes contextos seja óbvio o significado de tais designações, estas não são minimamente rigorosas, sendo inadequado o seu emprego num texto de natureza académica. Raios X é o tipo de radiação usado no método para obter o documento, mas não é o método nem é o documento. Além disso, os raios X são igualmente usados em diversos métodos de análise, que proporcionam informações completamente diferentes das da radiografia, pelo que, por essa lógica de dar ao método o nome da radiação envolvida, obter um espectro de fluorescência de raios X ou um espectro de difracção de raios X seria também obter um raio X!

Já a expressão “fotografia de raios X”, ainda que pouco utilizada,  é uma expressão correcta, pois uma radiografia mais não é do que uma película fotográfica sensibilizada pelos raios X, ou o seu equivalente digital, da mesma forma que uma comum fotografia é uma imagem criada por acção da luz.

Relacionadas com a radiografia, igualmente são correctas frases como “os raios X permitiram detectar a existência de uma pintura subjacente” ou “os raios X mostraram a existência de um repinte” ou, como escreveram em 1934 Roberto de Carvalho e Pedro Vitorino no título de um artigo, “A ‘Trindade’ do Museu do Porto vista aos raios X”. É que, em frases como estas, raios X não tem que ser sinónimo (errado) de radiografia, mas pode simplesmente indicar a radiação que tornou possível essas observações. De qualquer modo, a palavra radiografia seria também adequada em tais frases, com a vantagem de ser mais precisa por indicar mais especificamente através de que método permitiram os raios X tais observações.

Portanto, como nomear uma radiografia? Simplesmente através do nome... radiografia!

terça-feira, 7 de junho de 2011

International Journal of Conservation Science, vol. 2, n.º 2, 2011

Acabou de ser publicada a revista International Journal of Conservation Science, vol. 2, n.º 2, de 2011. Está disponível aqui.

Índice:

  • S. Wei, M. Schreiner, E. Rosenberg, H. Guo, Q. Ma, The Identification of the Binding Media in the Tang Dynasty Chinese Wall Paintings by Using Py-Gc/Ms and Gc/Ms Techniques, pp. 77-88
  • S.P. Gupta, K. Sharma, Biodeterioration and Preservation of Sita Devi Temple, Deorbija, Chhattisgarh, India, pp. 89-94
  • M. Ghoniem, The Characterization of a Corroded Egyptian Bronze Statue and a Study of the Degradation Phenomena, pp. 95-108
  • J.D. Sabau, L.M. Muresan, V.F. Soporan, O. Nemes, T. Kolozsi, A Study on the Corrosion Resistance of Bronzes Covered with Artificial Patina, pp. 109-117
  • V. Vasilache, D. Aparaschivei, I. Sandu, Scientific Investigation on Ancient Jeweles Found in Ibida Site, Romania, pp. 117-126

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Metodologia e linguagem de trabalhos académicos
(6) Em busca da clareza

Um dos principais problemas de muitos textos académicos (mas não só) é a falta de clareza. Sem dúvida que se encontra em todas as áreas, mas parece-me mais frequente nas ditas humanidades. Porém, ainda que haja assuntos e metodologias de investigação mais favoráveis à clareza do que outros, por exemplo por permitirem maior concisão e maior objectividade, o problema não é inerente à área do conhecimento, como se vê pelos casos mencionados no seguinte testemunho de Umberto Eco (citado daqui):

A filosofia de Bertrand Russell não gerou tantas interpretações como a de Heidegger. Porquê? Porque Russell é particularmente claro e inteligível, enquanto Heidegger é obscuro. Não digo que um tivesse razão e o outro estivesse errado. Quanto a mim, desconfio dos dois. Mas quando Russell diz uma idiotia, di-la de uma forma clara, mas Heidegger, mesmo que diga um truísmo, temos dificuldade em percebê-lo.

Se nalguns casos essa falta de clareza parece ser marcadamente intencional e é na realidade obscurantismo, noutros parece resultar de tentativa de seguir determinados estereótipos, noutros de falta de ideias claras e noutros, ainda, de deficiente domínio de certos aspectos mais técnicos ou mais práticos, nomeadamente linguagem, organização, objectividade ou concisão.

Independentemente das causas do obscurantismo, de natureza mais filosófica, as mencionadas deficiências técnicas geralmente são um atributo dos textos de quem se inicia em projectos de investigação como os que estão subjacentes a um doutoramento e, sobretudo, um mestrado. Segundo o que tenho observado em diferentes instituições, quem começa a escrever neste contexto académico frequentemente tem tendência a apresentar textos desorganizados, com frases desnecessariamente confusas, com terminologia usada de forma errada, com frequentes erros gramaticais e com descrições incompletas que deixam de fora muito do que o autor tem em mente – mas que o leitor desconhece e é indispensável para a compreensão do texto.

Estas deficiências geralmente são diferentes manifestações de um problema mais geral que é o do deficiente domínio da expressão escrita. Ainda que este problema não se consiga resolver de um momento para o outro, há algumas regras gerais que me parece poderem ajudar a minimizá-lo e, portanto, a melhorar a clareza de um texto. Entre essas regras saliento:

  • Definir uma sequência lógica e clara para o texto. Geralmente isso envolve, além de outros aspectos, ir do geral para o particular e não usar conceitos antes de serem explicados ou informações resultantes do estudo antes de esses resultados serem apresentados detalhadamente;
  • Apresentar expressamente toda a informação relevante, não deixando nada de importante para as entrelinhas;
  • A respeito de cada assunto, avançar do geral ou mais importante, conforme o caso, para o particular ou menos importante, respectivamente;
  • Evitar dispersar desnecessariamente pelo texto informações relacionadas;
  • Usar frases curtas;
  • Usar frases sem ambiguidades;
  • Evitar negativas;
  • Seleccionar cuidadosamente as palavras, recorrendo a um dicionário sempre que necessário (está um aqui);
  • Evitar o uso de palavras desnecessárias;
  • Evitar o uso de sinónimos, particularmente quando não há rigorosamente sinónimos;
  • Indicar as relações entre ideias e entre frases, nomeadamente de forma explícita dando conta de conclusões, consequências, oposições, etc.;
  • Deixar claro a incerteza associada às afirmações que não são certas, ou seja, indicar, por exemplo, que algo é uma suposição, ou é possível, ou é provável ou muito provável;
  • Reler muitas vezes o texto, particularmente os últimos parágrafos escritos, e corrigi-lo sempre que necessário;
  • Deixar o texto à espera alguns dias entre revisões ou, pelo menos, antes da revisão final.

A respeito da construção das frases, particularmente da importância de não se usar palavras desnecessárias, ou seja, inúteis, costumo recomendar a leitura de um pequeno mas interessante artigo de Nuno Crato já há algum tempo publicado num jornal – posteriormente incluído num livro seu (Passeio Aleatório pela Ciência do Dia-a-dia, Lisboa, Gradiva, 2007) e também disponível aqui.

O problema das palavras inúteis, aí ilustrado através de dois casos graves que quase ilustram um desvario de linguagem, é uma das principais causas da falta de clareza dos textos de quem se inicia na escrita científica e técnica (e não só). Aqui acrescento três exemplos, retirados de um estudo de bens culturais que li há tempos, em que a confusão resulta de alguma dificuldade de expressão. A desorganização das frases, com consequentes repetições, e o uso de vocabulário mal seleccionado dão aqui origem a trechos com muitas palavras de onde me parece que custa mais retirar o significado do que das bem mais breves alternativas sugeridas:

  • “A tipologia dos tijolos de coluna foi aquela na qual se registaram as dimensões de um maior número de exemplares.”
    • Alternativa sugerida: “O tipo mais abundante é o dos tijolos de coluna.”
  • “Através da forma dos elementos cerâmicos, conjuntamente com a sua funcionalidade e utilização, foram criados conjuntos tipológicos com características de referência. A definição dos grupos tipológicos consistiu, essencialmente, na forma dos elementos cerâmicos. O registo das dimensões de referência não foi igual para todos os materiais, em resultado das diferentes formas.”
    • Alternativa sugerida: “Foram definidos tipos a partir da forma e, em segundo lugar, função das peças. Devido à diversidade das formas, foram registadas diferentes dimensões para cada tipo.”
  • “A composição química evidencia que nas amostras cozidas a 900 ºC os teores de SiO2 são significativamente mais elevados para as amostras A1 e E2 e ligeiramente menores para as amostras A2 e E1. Para estas últimas o teor de Al2O3 é maior, e menor para as restantes.”
    • Alternativa sugerida: “Entre as amostras cozidas a 900 ºC, as amostras A1 e E2 apresentam os maiores teores de SiO2 e os menores teores de Al2O3.”
    • A respeito desta sugestão, noto que como há apenas quatro amostras, que tinham sido acabadas de ser apresentadas, depois de se dizer quais são as duas com mais elevadas concentrações de um certo constituinte, dizer-se quais são as duas com menor concentração é uma mera repetição.

Resolver estas dificuldades de escrita, contrariar determinados hábitos e ignorar certos estereótipos não é fácil. Mesmo para quem com muita experiência já desenvolveu o estilo de forma a ter “a fact per line rather than one per paragraph”, “it can be heavy going at times” (Peter Brimblecombe, aqui).

Para terminar esta breve nota sobre um assunto tão importante, aqui ficam mais algumas recomendações que sublinham certas coisas ditas atrás e acrescentam outras sugestões igualmente úteis. Por serem da autoria de alguém de uma das disciplinas das humanidades, além disso com importantíssimo currículo, ainda têm maior importância:

O estudante português deve pôr-se em guarda contra a tendência para a dispersão e a menos clareza da exposição que constituem infelizmente apanágio de muitos compatriotas seus. Deve pôr as qualidades de entusiasmo, sentido de compreensão global dos problemas e capacidade de os tratar, sob um ponto de vista humano, que em geral o caracteriza, ao serviço de uma estrutura lógica e de um rigor científico, que tende a desprezar. Deve preocupar-se com a simplicidade do estilo, base de uma autêntica elegância formal, evitando os barroquismos de linguagem, as orações imbricadas, os períodos longos, a adjectivação pleonástica. Seria bom que todo o aprendiz de historiador começasse por ler obras de grandes escritores portugueses da segunda metade do século XIX e princípios do actual [século XX]: não apenas romancistas mas sobretudo ensaístas, jornalistas, polígrafos, historiadores menores até. Porque foi possivelmente o período em que melhor se redigiu na terra portuguesa (A. H. de Oliveira Marques, Guia do Estudante de História Medieval Portuguesa, 2.ª ed., Lisboa, Editorial Estampa, 1979, p. 230).

 

PS – Esta citação é também uma singela homenagem a um livro que muito me marcou na ocasião em que foi publicado.

Actas do IV Congresso do Grupo Español do IIC

Acabou de ser disponibilizado online, com acesso livre, o seguinte livro que contém os textos das comunicações apresentadas no IV Congresso do Grupo Español do IIC, que se realizou em 2009 em Cáceres:

La Restauración en el Siglo XXI. Funcion, Estetica e Imagen, Cáceres, GE-IIC, 2009.

Está aqui.

Índice:

  • Carmen Garrido, Análisis de un análisis de José María Cabrera
  • José María Cabrera, La Canción del Restauro en un profesional humilde
  • Rocío Bruquetas, La Restauración en  España. Teorías del pasado, visiones del presente
  • Aurora Carapinha, Conservación y Restauración de jardines históricos
  • María Teresa Orengo, La Wolfsoniana: Conservación y Valorización de una colección de Artes Decorativas en Liguria
  • Emilio Ruiz de Arcaute, Aportaciones a la teoría de la restauración
  • Ana María Calvo, La aplicación de los criterios de intervención según la Ley del Patrimonio Histórico Español de 1985
  • Teresa Vicente Jose María Juan Baldó, El concepto actual de legibilidad. San Antonio Abad de Pelugo y la Pieve di Santa María Assunta di Condino, Trento
  • Fernando R. Bartolomé Diana Pardo, Restauración del conjunto de la sacristía de la catedral de Santa María, Vitoria-Gasteiz
  • José Ángel Esteras Francisca Diestro, Josemi Lorenzo César Gonzalo, Luis Miguel Sanz Inés Santa-Olalla, José Francisco Yusta, Un arcosolio con pinturas góticas en Ntra. Sra. del Rivero (San Esteban de Gormaz, Soria)
  • Ana Pellicer Isabel Martínez Mª Teresa Pastor, Juan Pérez Carmen Pérez, Inmaculada Traver, Recuperación de la materia, imagen y concepto de obras contemporáneas. Experiências en el IVC+R
  • Teresa Gómez Espinosa., La conservación del color de las imágenes
  • Rita Macedo Cristina Barros Oliveira, E quando a materialidade é passageira? A preservação de "Árvore Jogo/ Lúdico" de A. Carneiro
  • María del Carmen Diez, Restauración y rehabilitación de bienes inventariados en la Provincia de Cáceres a través de tres edificios religiosos
  • Victor Jesús Medina Francisco José Collado, Protección de las cualidades estéticas arquitectónicas y la imagen urbana en la legislación autonómica española vigente de Patrimonio Histórico Cultural
  • Cristina Escudero, La Virgen del oratorio -terracota-, restauración y sistema de presentación de la información: articulación de los sedimentos antrópicos de carácter histórico que concurren en la obra
  • Andrés Sánchez-Ledesma Alicia Sánchez-Ortiz, Sandra Micó Ubaldo Sedano , Investigación sobre  la estabilidad química y óptica de materiales contemporáneos para reintegración cromática
  • Sílvia Menéndez Eleuterio Baeza, Ana Rodrigo, La reintegración en materiales paleontológicos. Criterios utilizados. Justificación y propuestas de intervención en el Museo Geominero de Madrid (IGM Madrid)
  • Paolo Cremonesi, Issues in conservation/restoration of moveable paintings
  • Paolo Fancelli, La actual dimensión estética de la restauración
  • Gabriela Siracusano, Entre  ciencia y devoción. Reflexiones teóricas e históricas sobre la conservación de imágenes devocionales
  • Mercè Gambús Concepció Bauçà de Mirabò, Marta Tomàs, La degradación y pérdida del pavimento cerámico de la iglesia de la Cartuja de Valldemossa (Mallorca). Criterios de restauración y conservación
  • Xavier Mas-Barberà Sofía Martínez-Hurtado, Stephan Krönerc, La reposición como medio de reconocimiento histórico-estético y funcional. El caso de la Portada del Sol de la Basílica de Santa María (Elche, Alicante)
  • Mercè Marquès, Intervención en  pintura mural románica fragmentada. El uso de los revoques para el tratamiento de su imagen
  • Ainhoa Gómez, Nuevas técnicas de reintegración en obra dorada contemporánea: la recuperación del significado
  • Concha Herrero, La conservación histórica de la colección real de tapices. Ayer y hoy
  • Maria Arjonilla Guadalupe Durán , Rodrigo Espada Zacarías Calzado , La fotografía digital: una propuesta deontológica de la imagen del presente para el futuro
  • Juan Manuel Calle María Arjonilla, Gonzalo Martínez del Valle Joaquín González, De la fuente escrita a la reconstrucción virtual: procesos metodológicos para recrear el contexto original del descendimiento de Pedro de Campaña (S. XVI), en la extinta capilla de la Iglesia de Santa Cruz (Sevilla)
  • Frederico Henriques Ana Bailão, Cleaning and retouching on paintings in Portugal: Historical and ethical issues in the last two decades of 20th century
  • Raquel Ferreira Joana Correia, Luis Pinho da Silva Marta Palmeira, La colaboración del artista en el restauro de arte contemporáneo. El caso de la escultura A Taberna, de Jaime Azinheira
  • Mª Angélica García Francisco José Collado, Víctor Jesús Medina, Estudio y conservación de los fragmentos de pintura mural y revoco descubiertos en la casa morisca de placeta de los Castillas, 5 (Albaicín, Granada)
  • Claudia Duarte, Molim - Consideraciones éticas en el abordaje para su conservación
  • Elena Lacasa Pilar Fernández , Criterios de Conservación y Restauración del Patrimonio Paleontológico
  • Sílvia García Isabel M. García , Joaquín Sánchez del Lollano Margarita San Andrés, Función, uso y exposición: el caso de los modelos anatómicos del Dr. Auzoux
  • Daniela López, Tecnología digital en la Reconstrucción Cromática de la Imagen Pictórica
  • Pedro Plasencia, El Puente Romano de Segura, una obra entre dos países. Actuaciones históricas. El atentado patrimonial del 2007
  • María Jesús Teixidó, El revoque calcáreo del Conjunto Monumental de Cáceres
  • Arianne Vanrell, El (nuevo) papel del conservador-restaurador en el cuidado y conservación de obras de nuevas tecnologías

sábado, 4 de junho de 2011

Caracterização dos taninos usados na curtimenta vegetal de cabedais antigos

Acabou de ser disponibilizada online a seguinte tese de mestrado:

Lina Paula Bento Falcão, Caracterização dos Taninos Usados na Curtimenta Vegetal de Cabedais Europeus dos Séculos XVII a XIX, Lisboa, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 2009.

Está aqui.

Resumo:

Neste trabalho é descrito o estudo da caracterização de taninos em cabedais, através de testes químicos colorimétricos sobre as fibras de cabedais e dos respectivos extractos obtidos com uma mistura de água/acetona. Com o objectivo de desenvolver a metodologia de análise, bem como obter resultados que sirvam de referência, foram estudadas seis amostras de cabedais actuais curtidos com taninos de diferentes proveniências vegetais, uma das quais de curtimenta mista vegetal/mineral. Esta metodologia foi aplicada ao estudo de quatro amostras de cabedais históricos provenientes de estofos de mobiliário de assento, nomeadamente, um couro lavrado português do século XVII, um marroquim do século XIX, um cabedal liso do século XIX e um guadamecil do século XVIII. Foi ainda incluído no estudo um cabedal utilizado numa encadernação datada do século XIX. A metodologia utilizada neste trabalho incluiu a adaptação e optimização de três testes químicos - os testes da rodanina, do ácido nitroso e do butanol acidificado, desenvolvidos para identificar, respectivamente, galhotaninos, elagitaninos e taninos condensados em tecidos vegetais - para a caracterização de taninos em amostras de cabedais. Os extractos de água/acetona foram ainda analisados através de espectrofotometria de UV-Vis e espectroscopia de FTIR. Através dos resultados obtidos verificou-se que a metodologia de análise utilizada permite a caracterização de taninos em amostras de cabedais. Confirmou-se a classe dos taninos presentes nas amostras de cabedais actuais e identificaram-se os taninos utilizados na curtimenta do marroquim, do cabedal liso e da encadernação.

Trata-se de uma das teses do Mestrado em Química Aplicada ao Património Cultural, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que funcionou entre 2002-2003 e 2007-2008, nos últimos anos em colaboração com o Instituto Politécnico de Tomar. Outras teses desse mestrado que estão online, algumas das quais já aqui foram referidas, são as seguintes:

  • Carolina Barata, Caracterização de Materiais e de Técnicas de Policromia da Escultura Portuguesa sobre Madeira de Produção Popular e de Produção Erudita da Época Barroca, Lisboa, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 2008. Tese.
  • Judite Lucinda Miranda Botas, Determinação do Teor de Ligante em Argamassas Antigas por Diversas Técnicas, Lisboa, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, 2008. Tese.
  • Anabela Gomes Carvalho, Gravura Pré-Histórica da Praia do Pedrógão e sua alteração, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 2008. Tese.
  • Ana Cristina de Oliveira Guilherme, Identificação e Caracterização de Faianças de Coimbra por Espectrometria de Raios X, Lisboa, Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 2008. Tese.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Química, as outras ciências, a História, as Artes, e tudo o resto

Acabou de ser publicado o seguinte livro sobre as ciências e as artes, ainda que numa perspectiva bem diferente daquela que está subjacente a este blogue:

Jorge Calado, Haja Luz! Uma História da Química Através de Tudo, Lisboa, IST Press, 2011.

Trata-se de um livro notável, verdadeiramente excepcional, que fala de tudo a propósito da Química, escrito por alguém que tendo formação e carreira na área da Química, tem regido cursos em várias universidades sobre as ciências e as artes, escreve sobre ópera e história e filosofia das ciências para jornais e revistas culturais, criou a Colecção Nacional de Fotografia, organizou várias exposições de fotografia, entre outras actividades.

Do texto de apresentação:

No caldeirão onde fervilham as ciências e as artes há paralelos e influências mútuas. Haja Luz! é uma história heterodoxa, onde a química vem entrelaçada não só com as outras ciências mas também com a literatura, a música, as artes visuais, o cinema, a filosofia, etc. Aqui, o químico Humphry Davy aparece de braço dado com o poeta Samuel T. Coleridge, Richard Wagner partilha a divisão do trabalho com Adam Smith, e a pintura de René Magritte é invocada a propósito de Louis Pasteur; Marilyn Monroe está associada ao carbono, Jules Verne e Jacques Offenbach celebram o oxigénio, Sebastião Salgado fotografa a alquimia sufocante do enxofre. E tudo começa com Joseph Haydn, e a sua oratória, A Criação.

...

A química é construída por pessoas: homens e mulheres, novas e velhos, com gostos e desgostos. A história da química faz-se com elas, e Jorge Calado dá sentido à narrativa (não cronológica) enquadrando as invenções e descobertas químicas nas disputas, guerras e conquistas sociais e políticas. Enquanto alguns químicos foram endeusados, muitos foram perseguidos, outros morreram na guilhotina. São centenas de personagens – químicos e não-químicos – aqui reunidos no palco da química. Haja Luz! é um livro para toda a gente: um livro sem princípio nem fim, concebido para ser aberto e lido a meio de qualquer capítulo; um livro onde os conceitos são mais importantes do que as equações; um livro que mostra como a química é útil, divertida, perigosa, bonita, estimulante, frustrante, e indispensável. Tal como as artes e o sexo, a química comanda a vida.

Algumas opiniões sobre o livro estão aqui. Do testemunho do sociólogo António Barreto destaco o seguinte:

Trata-se, literalmente, de uma maravilha! Este assombroso livro, de rara inteligência e grande cultura, conta a história da Química, ao mesmo tempo que relaciona esta estranha ciência com os deuses e os demónios, os príncipes e os plebeus, os generais e os artistas.

Uma extensa notícia sobre o autor e o livro, publicada no jornal Público de 9 de Maio passado, está aqui.

Metodologia e linguagem de trabalhos académicos
(5) Falta de espaço

Mais ou menos de repente, parece que se tornou moda. Por todo o lado, inclusivamente em prestigiadas revistas internacionais, as grandezas surgem expressas por um número com a respectiva unidade encostada a esse mesmo número, por exemplo, 20%, 25ºC ou 10cm em vez de 20 %, 25 ºC e 10 cm, respectivamente, não existindo, portanto, um espaço. Possivelmente o caso mais comum é o da percentagen, outro igualmente muito frequente é o da temperatura expressa em graus Celsius, mas a situação acaba por ser mais ou menos geral.
No caso da percentagem o uso da unidade encostada ao número inclusivamente está estipulado num dos livros de estilo da maior sociedade científica mundial, a American Chemical Society (Anne M. Coghill, Lorrin Garson (ed.), The ACS Style Guide. Effective communication of scientific information, 3.ª ed., Washington - New York, American Chemical Society - Oxford University Press, 2006, p. 203).
No entanto, a falta de espaço entre um número e a sua unidade do ponto de vista normativo é geralmente um erro na maior parte dos países. E é um daqueles erros que não deveria existir pela simples razão de o uso do espaço estar estabelecido na mesma norma internacional que o uso do símbolo “%” para representar a percentagem, de “ºC” para representar graus Celsius e de “cm” para representar o centímetro. Essa norma é o Sistema Internacional de Unidades (SI), do Gabinete Internacional dos Pesos e Medidas, sistema esse que teve origem no sistema métrico decimal criado durante a revolução francesa e no depósito nos Arquivos da República, em Paris, de dois padrões de platina representando o metro e o quilograma, respectivamente, em 1799.
O facto de os Estados Unidos serem um dos raros países do mundo que não adoptou oficialmente o SI poderá explicar a referida norma da American Chemical Society, mas não explica a falta de espaço noutros países, como, por exemplo, Portugal. Aliás, Portugal foi um dos primeiros países do mundo a adoptar esse sistema, o que aconteceu em 1852, depois de em 1814, numa atitude pioneira, já ter adoptado um sistema decimal equivalente.
Para que não restem dúvidas acerca da necessidade do uso do espaço entre um número e a sua unidade na maior parte das unidades, inclusivamente em percentagens, aqui fica a transcrição (com destaques meus) da última edição do SI (Le Système International d'Unités. The International System of Units, 8.ª ed., Sèvres, Bureau International des Poids et Mesures, 2006), que está disponível aqui:
“The numerical value always precedes the unit, and a space is always used to separate the unit from the number. […] The only exceptions to this rule are for the unit symbols for degree, minute, and second for plane angle, °, ', and ", respectively, for which no space is left between the numerical value and the unit symbol. This rule means that the symbol °C for the degree Celsius is preceded by a space when one expresses values of Celsius temperature t” (p. 133).
“In mathematical expressions, the internationally recognized symbol % (percent) may be used with the SI to represent the number 0.01. Thus, it can be used to express the values of dimensionless quantities. When it is used, a space separates the number and the symbol %” (p. 135).

quarta-feira, 1 de junho de 2011

YOCOCU – Estudos sobre o património cultural

Acabou de ser publicado o seguinte volume volume de actas:

Andrea Macchia, Enrico Greco, Biagia Antonella Chiarandà, Nicoletta Barbabietola (ed.), YOCOCU. Contribute and Role of Youth in Conservation of Cultural Heritage, Rome, Italian Association of Conservation Scientist, 2011.

Índice:

  • Katja Kavkler, Nina Gunde Cimerman, Polona Zalar, Andrej Demšar, Microbial degradation of historical textile objects, p. 1
  • Monika Koperska, Tomasz Lojewski, Joanna Lojewska, Can anoxic conditions prevent fading of dyes? Focus on indigo with the use of UV-VIS, FT-IR, XRF and Raman techniques, p. 13
  • Olga Darcanova, Birute Sivakova, Aldona Beganskiene, Aivaras Kareiva, New antioxidants systems for stabilization of ink damaged paper, p. 25
  • Giovanna Piantanida, Armida Sodo, Michela Monti, Marina Bicchieri, "Reading between the lines" of ancient manuscripts, p. 33
  • Aldo Corazza, Franco Liberati, Giovanni Marinucci, Matteo Placido, Maria Teresa Tanasi, Magnetic and optical supports for preservation. Problems and perspective, p. 39
  • Stella Bastone, Alberto Spinella, Manuela Romagnoli, Cecilia A. Buccellato, Eugenio Caponetti, Solid state NMR characterization of the waterlogged wooden part of Acqualadrone roman rostrum, p. 49
  • Donata Magrini, Francesca Benetti, Giuseppe De Giosa, On the identification of organic materials in painting cross sections by means of ToF-SIMS, p. 59
  • Fariz S. Khalilli, The research and conservation of archaeological textiles kept at the National Museum of History of Azerbaijan, p. 69
  • Lorena Botti, Aldo Corazza, Matteo Placido, Luciano Residori, Daniele Ruggiero, Scientific researches on historical photographic materials, p. 73
  • Mauro Colapicchioni, Giovanna Pasquariello, Italo Tigliè, Mario Marini, Roberto Ferrari, Termite control with low environmental impact method for the conservation of cultural heritage, p. 83
  • Ioan Paul Colta, Issues in the conservation of a glass icon. Case study: Ana Deji, "the anguished mother of god" (tempera on glass, the 20th century), p. 91
  • Simone Cagno, Gert Nuyts, Kristel de Vis, Joost Caen, Koen Janssens, The browning of stained glass windows: characterization of Mn-corrosion bodies and evaluation of cleaning methods, p. 99
  • Anna Maria Gueli, Emanuele Nicastro, Antonella Privitera, Giuseppe Stella, Sebastiano Olindo Troja, Ceramic of Caltagirone: from production to archaeometric characterization, p. 107
  • Chiara Letizia Serra, Alberta Silvestri, Gianmario Molin, Some considerations about the methodological approach for the archaeometric study of glass, p. 119
  • Daniela Ferro, Sergio Brutti, David R. Loepp, Angela Celauro, Characterization and thermodynamic interpretation of ancient gold refining processes based on a dioscorides recipe, p. 131
  • Ilaria Nicolini, Anna Maria Mecchi, Susanna Bracci, Treatments for recovering the original chromatism of coloured stones, p. 141
  • Maria Francesca Alberghina, Rosita Barraco, Maria Brai, Tiziano Schillaci, Luigi Tranchino, Complementarity of the XRF and LIBS analyses in the conservation science: the case studies of the bronze alloys, p. 153
  • Maura Mereu, Vilma Basilissi, Giuseppe Guida, Massimo Vidale, Maria Pia Casaletto, Gabriel Maria Ingo, Luciana Drago, Enrico Greco, Conservation of copper alloys artifacts from archaeological excavation, p. 163
  • Patrizia Capizzi, Pietro L. Cosentino, Salvatore Schiavone, Inversion tests on ultrasonic tomography data, p. 177
  • Delia D'Agostino, Rosella Cataldo, Stefano Siviero, Characterization of degradation in crypts, p. 183
  • Giorgio Nasillo, Maria Luisa Saladino, Delia Chillura Martino, Irene Natali, Luigi Dei, Eugenio Caponetti, A new preparation method of nanolime dispersion for the conservation of artworks, p. 195
  • Alice Elia, Mark Dowsett, Gareth Jones, Annemie Adriaens, Evaluation of Carboxylate-based Coatings for the Protection of Copper and Copper Alloys, p. 203
  • Francesca Giambi, Luigi Dei, Piero Baglioni, From waste to art and archaeology: polystyrene films as an innovative tool for protection of metallic artefacts, p. 213
  • Alfio Torrisi, Lorenzo Giuffrida, Francesco Caridi, Tiziana Serafino, Eligio Daniele Castrizio, Guglielmo Mondio, Lorenzo Torrisi, Laser Ablation coupled to Mass Spectrometry (LAMS) applied to the Cultural Heritage, p. 223
  • Luciana Randazzo, Contribution of Total Suspended Particulate (TSP) to the formation of black crusts on building materials in urban enviroment of Sicily (Italy), p. 231
  • Fabiana Consalvi, Giovanni Ettore Gigante, Franco Meddi, Electrical measurements for the evaluation of water presence in stones, p. 241
  • Nicoletta Barbabietola, Chiara Alisi, Flavia Tasso, Michela Grimaldi, Salvatore Chiavarini, Carla Ubaldi, Paola Marconi, Brunella Perito, Anna Rosa Sprocati, Selection of microbial strains for the development of a biocleaning procedure for shellac removal from Artwork surfaces, p. 247
  • Veronica Burtea, Oana Chachula, Stone restoration at Stelea Curch, Târgoviste - Romania, after biodegradation occurred due to the "modernization" of the monument, p. 255
  • Maria Francesca Alberghina, Salvatore Schiavone, Fernanda Prestileo, Ermanno Cacciatore, Lorella Pellegrino, Donato Perrone, Spectrophotometric investigations at the museum: monitoring of colour changes during differentiated cleaning of the marble statues, p. 267
  • Luigi Campanella, Barbara De Filippo, Daniela Ferro, Stefano Natali, Marcella Guiso, Andrea Brotzu, Artificial patina in experimental archaeology, p. 281
  • Fernanda Cantone, Enrico Ciliberto, Enrico Greco, Salvatore La Delfa, Gabriella Murgana, Analytical characterization of plasters and stones coming from the 19th century Palazzo Fragapane in Grammichele, p. 297
  • Sónia Barros dos Santos, António João Cruz, Green pigments: tradition and modernity in painting according to Portuguese 19th century technical literature, p. 307
  • Joana Domingues, Francesca Rosi, Grazia De Cesare, Costanza Miliani, Spectroscopy studies on conservation issues in modern and contemporary art paintings, p. 319
  • Elena Rogoz, Olimpia-Hinamatsuri Barbu, Identification of protein content in the gypsum painting support by FTIR spectroscopy, PCA and neural network, p. 329
  • Lorenza Bernini, Mesoamerican mural paintings. Physico chemical characterization of materials and application of calcium hydroxide nanoparticles for consolidation, p. 337
  • Mateja Neža Sitar, Investigation the history and consequences of past restoration interventions on frescos - the case of baroque paintings of Giulio Quaglio in Ljubljana, p. 343
  • Marco Simone Grandi, Chiara Zanchi, Camilla Irine Mura, Pietro Galinetto, Maurizio Licchelli, Maria Pia Riccardi, Wall painting of the Castiglioni college chapel: preparatory investigations for restoration work. A material study of the pictorial display, p. 353
  • Silvia Minghelli, Pietro Baraldi, Maria Teresa Guaitoli, Characterization of plaster and stucco paintings from the Basilica of Santa Maria Maggiore in Trento, p. 361
  • Andrea Macchia, Giorgia Roscioli, Enrico Greco, Luigi Campanella, Adriana Maras, Problem of illumination of cultural heritage: the case of realgar, p. 369
  • Irene Natali, Emiliano Carretti, Lora Angelova, Richard G. Weiss, Luigi Dei, Piero Baglioni, Polyvinyl alcohol hydrogels for cleaning works of art: recent developments, p. 377
  • Hsiu-jui Lin, Shaping the meaning of the dwellings inscribed on the world heritage list, p. 383
  • Giacomo A. Orofino, Marcello Turci, Analytical investigations in Ostia: Porta Marina (Rome), p. 393
  • Huseynli Namiq, Rasul Mirzoev, The place of medieval town of Shamkir in our cultural heritage protection, p. 403
  • Jana Jakobsone, Ivars Strautmanis, Cultural Heritage Protection, Preservation and Development in Historical Centres of Modern Towns in Context of Kuldiga, Europe and Nordic Countries, p. 413
  • Jeyhun Eminli, Ulviyya Imamverdiyeva, Excavation, conservation and utilization of the archaeological sites in Azerbaijan, p. 425
  • Alessandro Fiamingo, Enrico Greco, Emanuele Sangregorio, Riccardo Giovanni Urso, The past reborn. Digital restitution of the archaeological site of Polizzello, p. 433
  • Salvatore La Delfa, Pamela Costanzo, Marzia Canonico, Alessandra Corso, Marika Lanzafame, Monica Mangiafico, Houda Nazih, The diagnostics in the field of Cultural Heritage: high school students first experiences, p. 439
  • Mohamed A. M. Khalil, Alaa S. El-Eashy, Analysis of the Architectural heritage of El-Mansoura city, Egypt towards urban conservation approach, p. 449